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A Odete Roitman que nunca morreu!

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Quando a primeira versão da novela estreou, a personagem representava o Brasil que os brasileiros não amavam. Criticava-se os serviços, os produtos e a cultura. Tudo que era de fora era melhor... “Só podia ser filme brasileiro. Péssimo!” “É só aqui no Brasil que é essa bosta!” “O Brasil é o país do jeitinho!” “Por isso que eu quero sair do Brasil!” Você, com certeza, já ouviu ou disse pelo menos uma dessas frases. Entre os anos 80 e 2000, o consumo e a idolatria pela cultura americana eram comuns. Odete Roitman, mesmo rompendo estereótipos de mulheres bem-sucedidas e mais velhas, dialogava com essa lógica consumista. O único orgulho nacional era o futebol. Hoje, Odete surge como uma figura dicotômica. Representa as novas visões sobre mulheres líderes, independentes, desejadas e desejantes. Mulheres da melhor idade que mandam, escolhem, transam e não se submetem ao lar ou ao homem. Mas ainda carrega o Brasil que exalta o que vem de fora e vive dividido. Odete encarna o Brasil conservado...

A Poesia do Éden Que Se Rompe Em Nós e a Luz da Serpente

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Assim... No princípio era a pureza. E a pureza era o Éden. Lá, éramos apenas filhos — nus de vergonha, plenos de inocência. Vivíamos sob a sombra protetora de um Deus-Pai: onipotente em cuidados, onisciente em orientações, onipresente no afeto. Mas o porquê daquele fruto? Porque assim ele mandou. Porque não podia. Porque era perigoso. Porque era cedo demais. A infância, tal qual Adão e Eva entre flores e árvores, constrói-se entre limites suaves e muros invisíveis. Crescemos sob os “porquês” de nossos pais, ecoando como mandamentos silenciosos. Não questionamos, apenas obedecemos, mesmo sem entender. Mas chega o dia. O dia em que a Serpente sussurra em nossos ouvidos não o mal, mas o primeiro grande Porquê: Por que eu não posso? Por que eu tenho que ser assim? Por que isso e por que aquilo? Misericórdia... Que criança é essa que pergunta tudo? É nesse exato instante de nossas mentes inquietas e curiosas pelas coisas do mundo que o fruto aparece diante de nós. Com o cheiro d...

Um Poliamor entre o Tempo, A Vida e o Trabalho

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“O TRABALHO… … enobrece o homem”. “Um fracassado pode superar o gênio com trabalho duro” “Estude, enquanto eles dormem. Trabalhe, enquanto eles se divertem. Lute, enquanto eles descansam. Depois viva o que eles sempre sonharam.” Não é isso? Bom, tenho certeza de que você já ouviu pelo menos uma dessas frases em algum momento, mas já parou para refletir como elas impactam as nossas vidas? Me diga: — Você já se sentiu angustiado por não ter nenhum projeto em andamento ou sequer uma oportunidade de trabalho?; — Por não conseguir pensar ou iniciar uma fonte de renda extra, além do seu trabalho formal?; — Culpado por não conseguir tempo ou disposição para os estudos e sair da realidade penosa do seu trabalho atual?; — Culpado por tirar um tempo para o seu descanso? Sim? Dormir pouco para acordar cedo e conseguir pegar algumas conduções por conta do trajeto longo para o trabalho. No fim do dia, cuidar da casa, dos filhos, da aparência, da alimentação, das coisas substanciais para a sobrevivê...

Sociedade x Indivíduo

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Queria ser conciso para expressar o quanto esta frase me vem como um risco de giz ou unhas rasgando a superfície de um quadro negro. Quero dizer o quanto uma simples palavra escalpela-me, desintegra a minha integridade e me faz um estranho que já nasceu derrotado no mundo dos comuns!  Consultando brevemente o Aurélio, vago na lisura para as certezas do que digo, que desvio da norma, me diferencio, causo inquietação, sou depravação, defeito. Mas por quê? O que é ser normal? O que é normal? 1. conforme a norma, a regra; regular; 2. que é usual, comum; natural; 3. sem defeitos, problemas físicos ou mentais; 4. cujo comportamento é considerado aceitável e comum (diz-se de pessoa). Entendi!  Seguindo os conceitos da normalidade, com rasgos na alma por estar alheio a sociedade regrada, comum e aceitável, vaguei por avenidas estreitas e nebulosas da autodepreciação e entendimento!  Da religião me fiz mito e demônio; Da biologia me guiei por regras naturais; Da psico...

Almas despidas

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Existe um meio particular de acesso à forma mais íntima e primitiva de nós!  Essa transformação me aguça a curiosidade, me instiga e intriga o meu teor filosófico.  No ato, algo se transporta para fora. Sobram estruturas que se deixam levar instintivamente e todos os sentidos começam a dançar juntos em sincronia estranhamente perfeita.  Esta versão de nós, tão singela, às vezes rude, às vezes carregada de afeto… Age, reage e dialoga se limitando a interjeições.  O sufoco na escassez de frases deste diálogo, obriga o respirar profundo na esperança de não perecer na embriaguez deste rito!  Os sentidos se aguçam a tal ponto que a cada limiar de “lucidez” para manter-se vivo no encher de pulmão ritmado, passam pelos canais auditivos como sussurros gritantes que não sacia, mas alimenta ainda mais a fome. O paladar se deleita do que não há sabor, e tão somente se dá o gosto às medidas da libido.  Os ouvidos ficam atentos até aos sons inaud...

Orientação Designada Pelo Desejo Sexual

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Os Cárceres Culturais A sexualidade humana é diversa e, para tantos, assustadora, mas para quebrar os teores de medo, estranheza, limitações e tabus, nada melhor que informação! As religiões oriundas do cristianismo e predominante em todo o mundo se encarregou de enraizar em nossos Inconscientes as noções de pecado e moralidade. Tudo que foge do contexto monogâmico, patriarcal, binário, da doutrina e do pudor religioso, nos causa estranheza, repulsividade e julgamento. Por outro lado, a revolução sexual crescente experimentada hoje e potencializada pela tecnologia lhe “obriga” a quebra desses paradigmas conservadores e, por um momento da vida, pensar onde você está situado dentro desta esfera polarizada! Em outros contextos não distintos do assunto, a falta de informação é uma senhora irmã do Preconceito. É natural ter aversão ao que você não compreende ou não está nos moldes da sua visão de mundo, ou do senso comum. E, até por isso, cometemos o erro de navegar ...

Deus, quem é esse cara?

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Entender-se como homem gay em um meio estruturalmente religioso e homofóbico é questionar constantemente e, não tão somente, a própria existência e significado, mas também a de Deus e todo o seu poder! Logo, é inevitável indagações! Se Deus é Onipotente, a condição homossexual foi negligência, querer ou imprudência?; Se é Bondoso e justo, por que o lado dos odiados é o meu lugar? Porque somos dominados pelo demônio na fala da sua gente?; Se é Onipresente, porque não está conosco?; Se fez de nós sua imagem e semelhança, porque também não poderíamos gozar de sua sabedoria, bondade, respeito e adoração? Se é Onisciente, porque deixa a doença tomar conta, a morte tomar conta, o pecado tomar conta e o fruto criado por ti, ser fruto da dúvida e do objeto da causa de já nascermos “culpados” pelo Pecado original? "Eva, sua Misérah!" Parece que somos atores de um teatro com roteiro montado, atuando a nosso próprio modo, e você (Deus), na plateia, rindo e divert...