A Odete Roitman que nunca morreu!


Quando a primeira versão da novela estreou, a personagem representava o Brasil que os brasileiros não amavam. Criticava-se os serviços, os produtos e a cultura. Tudo que era de fora era melhor...

“Só podia ser filme brasileiro. Péssimo!”

“É só aqui no Brasil que é essa bosta!”

“O Brasil é o país do jeitinho!”

“Por isso que eu quero sair do Brasil!”



Você, com certeza, já ouviu ou disse pelo menos uma dessas frases. Entre os anos 80 e 2000, o consumo e a idolatria pela cultura americana eram comuns. Odete Roitman, mesmo rompendo estereótipos de mulheres bem-sucedidas e mais velhas, dialogava com essa lógica consumista. O único orgulho nacional era o futebol.



Hoje, Odete surge como uma figura dicotômica. Representa as novas visões sobre mulheres líderes, independentes, desejadas e desejantes. Mulheres da melhor idade que mandam, escolhem, transam e não se submetem ao lar ou ao homem. Mas ainda carrega o Brasil que exalta o que vem de fora e vive dividido.


Odete encarna o Brasil conservador que massacra os pobres para manter poder e privilégios, sem ética ou justiça. Mas, ao mesmo tempo, simboliza a força feminina que luta há séculos por espaço, poder e liberdade.


Embora a novela e seus personagens representem as várias narrativas brasileiras de como é viver para ter, hoje, Odete é o reflexo dos dois Brasis:

O Brasil da direita, do controle, da moral seletiva e da família tradicional.

E o Brasil da esquerda, que busca equidade, representatividade e libertação.


Odete, tão logo, é a expressão da era da informação descentralizada. Ou talvez... um meme: Lula e Bolsonaro casados em lua de mel nas Bahamas, enquanto o elenco da novela "O Brasil que Vale Tudo e Não Vale Nada" luta pra ter o mínimo ou para não perder o mínimo de tudo que já tem!




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