Um Poliamor entre o Tempo, A Vida e o Trabalho

“O TRABALHO…

… enobrece o homem”.

“Um fracassado pode superar o gênio com trabalho duro”

“Estude, enquanto eles dormem. Trabalhe, enquanto eles se divertem. Lute, enquanto eles descansam. Depois viva o que eles sempre sonharam.”

Não é isso?

Bom, tenho certeza de que você já ouviu pelo menos uma dessas frases em algum momento, mas já parou para refletir como elas impactam as nossas vidas?

Me diga:
— Você já se sentiu angustiado por não ter nenhum projeto em andamento ou sequer uma oportunidade de trabalho?;
— Por não conseguir pensar ou iniciar uma fonte de renda extra, além do seu trabalho formal?;
— Culpado por não conseguir tempo ou disposição para os estudos e sair da realidade penosa do seu trabalho atual?;
— Culpado por tirar um tempo para o seu descanso?

Sim?

Dormir pouco para acordar cedo e conseguir pegar algumas conduções por conta do trajeto longo para o trabalho. No fim do dia, cuidar da casa, dos filhos, da aparência, da alimentação, das coisas substanciais para a sobrevivência, e ainda assim, a culpa!

— Eu poderia dormir um pouco mais tarde e estudar para um concurso;
— Preciso guardar dinheiro para o meu projeto;
— Preciso ser mais produtivo no meu tempo livre.

Vejo que o cansaço, a tristeza e a angústia tem sido meus companheiros constantes na vida. Mas mano, eu só quero uma vida digna e mais tranquila. Será que eu só terei isso na minha “melhor idade”? Caramba, nada está funcionando… Conflitos em casa, no trabalho, no amor, distância dos amigos, da família…

Não consigo ver um filme que durmo. Não consigo parar para descansar porque me culpo. Mas, meu pai, eu estou esgotado, como eu saio disso? Se me dou um tempo, postergo ou invalido meu possível futuro e sucesso. Se continuo sendo essa máquina produtiva e incansável para o meu futuro, vou continuar vendo essa destruição física e sem alma no espelho. Será que mesmo assim eu ainda conseguirei usufruir do meu futuro prometido com sanidade e saúde?

Das 4 da manhã acordado, para as duas conduções e um trabalho as 7;
Das 15 horas da tarde de liberdade do trampo, para a faculdade as 17.

Ué, mas a aula só inicia às 19h. Economizo passagem para tentar um lanche na faculdade, ou, comer em casa e sufocar no dinheiro para suprir o fator casa/faculdade/casa?

Espera!!!

Tem o que comer em casa? Tenho tempo para fazer?
Durmo nas escadas do auditório ou estudo no laboratório?

Meu Deus, tudo tem consequências… Que corda bamba!

Não dormi nas escadas do auditório. Afinal de contas, o professor afirmou que o mercado de trabalho é exigente e você precisa estudar conteúdos que estão além da grade docente.

Dor de cabeça? Paracetamol!
Falta de Atenção? Café!
Cansaço? Energético!
Fome? Caralho, não tenho dinheiro!

Opa, 19 horas. Vai começar a aula!
— Mas que porra de Blá-bla-bla é esse que o professor tá falando?
— Tô burro ou só de sono delirando?

Certo, fim da aula as 22h, cheguei em casa às 00h.
Aaahh, zerei o dia!

Não, Péra!!!
Tem comida pronta? Tô com fome!
Tem Louça pra lavar?
Tem roupa para usar amanhã?
Ah… Ovo cozido, banho e cama. Eu preciso dormir, porque amanhã tem mais!

O TEMPO…
… de Descanso? Claro, temos!
Além das 4 horas de sono durante a semana, três domingos de folga no mês…

— Aaah, que delícia!
— Não, péra… Eu dormi nas escadas do auditório durante essa semana, tenho que estudar!

Caralho!!!
Que zona é essa aqui dentro de casa?
Que vendaval passou por aqui?

Certo…

Cuidar da casa, da roupa, da louça, da cara, do corpo… Meu Deus, eu tenho que estudar… Dormi nas escadas do auditório essa semana!

Quinze minutos de leitura e me pesa nos olhos uma semana inteira de sono!
Onze horas da noite e bate aquele pesar do temível fim de domingo…
Não tenho escolhas, me rendo ao sono, ao cansaço e me deito na cama abraçando a angústia, visitando o desespero e alimentando ainda mais a minha culpa com a frase:

“Estude, enquanto eles dormem. Trabalhe, enquanto eles se divertem. Lute, enquanto eles descansam. Depois viva o que eles sempre sonharam.”

A VIDA...

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P.S.: Este blog é um mero expresso de vivências.

Saúde física e mental andam juntos. Faça o seu melhor, respeitando o seu tempo, sua saúde e circunstâncias. Não se culpe por ter feito ou fazer o melhor com isso!

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