Deus, quem é esse cara?

Entender-se como homem gay em um meio estruturalmente religioso e homofóbico é questionar constantemente e, não tão somente, a própria existência e significado, mas também a de Deus e todo o seu poder!

Logo, é inevitável indagações!

Se Deus é Onipotente, a condição homossexual foi negligência, querer ou imprudência?;

Se é Bondoso e justo, por que o lado dos odiados é o meu lugar? Porque somos dominados pelo demônio na fala da sua gente?;

Se é Onipresente, porque não está conosco?;

Se fez de nós sua imagem e semelhança, porque também não poderíamos gozar de sua sabedoria, bondade, respeito e adoração?

Se é Onisciente, porque deixa a doença tomar conta, a morte tomar conta, o pecado tomar conta e o fruto criado por ti, ser fruto da dúvida e do objeto da causa de já nascermos “culpados” pelo Pecado original?

"Eva, sua Misérah!"

Parece que somos atores de um teatro com roteiro montado, atuando a nosso próprio modo, e você (Deus), na plateia, rindo e divertindo-se com todas essas atuações na vida real. Mas, porém, todavia, entretanto, “desgraça” a humanidade quando as cenas fogem do seu roteiro, mesmo dizendo que o arbítrio é livre! 

"Aaaaah, o que diria Noé quanto ao Dilúvio nos dias de hoje, não é mesmo?!"
Então, eram muitas questões para um jovem humano aprisionado dentro de si, por ter um mal que todos julgam e um demônio que todos temem!

Foi inevitável navegar entre religiões à procura deste ser que chamam de Deus que ninguém vê, às vezes nem sabe, mas tantos falam, admiram, julgam, matam e até morrem por ele!

Igreja Católica, Testemunhas de Jeová, O Evangelho Kardecista…

Tudo era punir, tudo era medo, tudo era demônio, tudo era promessa, carma, dívida, tudo era sagrado, tudo era santo! 

Tanto questionei, mas nada encontrei! 

Me vi Ateu
Deus e Demônio eram apenas partes da mitologia Ocidental! Figuras poderosas que representavam os opostos, o bem e o mal. Passaram a fazer diferença na minha vida, assim como as gramas a menos no corpo despejadas no vaso sanitário! 

Tudo ficou mais tangível! 

Crer que:
As coisas só são influentes na sua vida se você dá importância e valor a elas;

… Era bem mais confortável! 
Logo, o Deus que tantos amam e o Demônio que tantos temem, passaram a ser contos de fada!

Me vi no filme de suspense e terror de nome “A chave Mestra”. Caroline, a protagonista, não acreditava em Crendices e por esse motivo, tão pouco era afetada pelas forças da “Magia Negra”.

"Onde está você, Keeeérolaini?!"

As circunstâncias da vida eram consequências das minhas atitudes, permissões, limites, recusas e impotência. Nada vinha do oculto ou do imaterial. Era mais orgânico e vivo pensar assim! 

Fui por caminhos mais sóbrios para me ver como um ser vivo digno de existir, embora o Pre-julgamento de endemoniado ainda era cicatriz recente!

No orgânico, no natural e no real, procurei respostas e devo a Darwin, a biologia e a Psicologia um bom bocado!

Mas, essa estrada era solitária e me via constantemente só. O rapaz sozinho na multidão e o calado entre falantes! Tantos julgamentos externos que tudo acorrentava a minha fala, o meu desejo, o meu olhar, o meu andar… A minha vida!

“ooh, oooh, oh!!!! Quero ser feliz… Você também! Não devemos nada pra ninguém! Tá pegando fooogo o noss…  

Não! Não, péra! 😂😂😂 

Pagodinho a parte pra quebrar a densidade da narrativa, vamos continuar!" 😂 

Eu, como um convicto ateu que me julgava ser, acabei numa prece involuntária e inconsciente dentro do meu quarto…

E a sós, clamei:

“Deus, me ajuda!”

Um feixe de Luz imaginário veio sobre a cabeça como Simba erguido por um Babuíno em Prólogo de “Rei Leão”!

Eu vi, eu senti, eu chorei (copiosamente) e me arrepiei! Foi algo real, tão mensurável, tão tangível aquele sentimento quanto qualquer coisa que eu poderia ver, tocar ou ouvir! 

TUDO para mim fez sentido naquele momento! Todas as palavras e versículos clichês que se ouvia e que li, foram transcritas na minha página em Branco de Título DEUS! 

– “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo." - Salmos 23:4

– “Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa”. - Isaías 41:10

- "Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade." - Salmos 46:1

"Aaah, Eu tô muito evangélica hoje! Tô sim!"

E, a partir deste ponto, Deus tornou-se parte integrante da Minha vida, a meu modo, a minha visão, a meu jeito! A força interior que me motiva, o meu parceiro na solidão, a minha voz interior, a minha vontade de crescer e ser mais humano, a minha paz, o meu respeito, a minha solitude, o meu Amor! 

"Oooh, Glória irmãos! Eu só quero um varão enVIADO do senhor agora!!! Aaaaah 😌

Não, bintchira!!! 😂

NADAH, ÉVER DADEH!! 😆

Que?!"

Bom, e assim, eu e Deus fomos/somos felizes por todo o sempre! 

Não, não! 

As pazes a gente fez, mas o questionamento só acaba quando a morte dá as caras, e viver é um eterno aprendizado, não é mesmo? É! 

Pensar em Deus como este ser Grandioso, Onipotente, Onipresente, Onisciente e que “pune” se não o temer, lhe mostrando como será seu futuro em companhia com o seu antagonista, nos faz ter uma visão na esfera mais ampla dessa história, panoramicamente. Crer em Deus e se chegar a ele sem enxergar nossas mazelas e falhas é ver uma balança sem equilíbrio, é ver a luz sem enxergar as sombras. Fato que naturalmente não existe! 

"A luz que vem diante de ti, formam as silhuetas de sua sombra!"

"A luz do Sol que ilumina o dia, é refletida na Lua, que é a dama da noite!"

Então, se Deus nos fez sua imagem e semelhança, ignorar a parte escura que nos compõe, é parar no tempo e não crescer! Não dizem que para ter vitórias, ele nos dá dificuldades? Então, é mais ou menos neste sentido! A religião em si, se torna uma unidade de equilíbrio, uma esfera contendo o bem e o mal, Yin e Yang, Sol e Lua, Céu e Inferno!


Passar pelas adversidades de viver é transitar nesse claro e escuro, e a religião vem como base moderadora do comportamento humano para lidar com essas nuances! 

Por fim, falar sobre Deus sem mencionar seu antagonista, é contar a história pela metade, pois há uma infinidade alegórica que definem as perspectivas de um indivíduo, o conceito e a organização da família e da sociedade, no grosso de toda essa epopeia celestial. 

Tio Lú, é só para os mais íntimos, pelo povo chamado Diabo, e de registro, Lúcifer. Um ser temido, ousado, petulante, inteligente e brilhante. Difamado ao longo de uma narrativa de hierarquia, submissão, controle e penalidades!


Mas, isso fica para uma outra retórica, pois até aqui, já definimos quem é o "cara" que deu origem a esse expresso!

Até a próxima!

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PS.: Este Blog não tem nenhuma fonte a ser citada. São bases que estruturaram minha personalidade, religiosidade e sexualidade até aqui, portanto, trata-se apenas da livre expressão da minha subjetividade.

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