Orientação Designada Pelo Desejo Sexual

Os Cárceres Culturais

A sexualidade humana é diversa e, para tantos, assustadora, mas para quebrar os teores de medo, estranheza, limitações e tabus, nada melhor que informação!

As religiões oriundas do cristianismo e predominante em todo o mundo se encarregou de enraizar em nossos Inconscientes as noções de pecado e moralidade. Tudo que foge do contexto monogâmico, patriarcal, binário, da doutrina e do pudor religioso, nos causa estranheza, repulsividade e julgamento. Por outro lado, a revolução sexual crescente experimentada hoje e potencializada pela tecnologia lhe “obriga” a quebra desses paradigmas conservadores e, por um momento da vida, pensar onde você está situado dentro desta esfera polarizada!

Em outros contextos não distintos do assunto, a falta de informação é uma senhora irmã do Preconceito. É natural ter aversão ao que você não compreende ou não está nos moldes da sua visão de mundo, ou do senso comum. E, até por isso, cometemos o erro de navegar por esses padrões, seja por osmose ou imposição social.

O que sou, onde estou?

No decorrer do nosso crescimento nos é ensinado o que é certo e o que é errado, o que pode e o que não pode, o que todo mundo gosta e o que todo mundo faz. Passar por esses moldes de “Todo Mundo” e não se identificar com eles, são os momentos em que você se sente alheio ao mundo dos “comuns” e começa a questionar onde é o seu lugar, o seu querer, o seu desejo, o seu papel…  

Você é julgado, sofre e faz sofrer. Aprende intuitivamente e de forma empírica o que não gosta e o que não quer. Isso é muito comum para quem se vê numa condição fora dos padrões heteronormativos. E, com a nossa sexualidade, nossos impulsos sexuais, ou até mesmo a falta deles, não é diferente, é empirismo puro. Construído abstratamente na infância, saboreado ou não, entendido e lapidado na fase adulta ou até mesmo antes. Portanto, há uma distinção, embora estreita, entre orientação sexual e orientação do desejo sexual. Uma é determinada pelo que o seu desejo se manifesta, a outra, determina como ela se manifesta. 

Orientação Sexual

Brevemente falando, está ligada intimamente por qual gênero e/ou agenero suas intenções estão voltadas, que tende o seu olhar ou o interesse de se relacionar afetiva e sexualmente. Consequentemente, relativo a gênero, fenótipo ou corpos que lhe atraem, isso irá definir a sua orientação sexual como: homossexual, heterossexual, bissexual ou Pansexual. 

Orientação Designada Pelo Desejo Sexual

Agora, há uma parte da sexualidade humana que designa a ausência ou a pouca atração sexual, ou, o modo como ela se manifesta. Esta particularidade, por sua vez, não esta intimamente ligada ao gênero, mas também por outras circunstâncias além dos corpos. Por exemplo, um homossexual pode não sentir desejo sexual por outra pessoa tão somente por ser do mesmo gênero ou fenótipo que lhe é atrativo. É necessário outros fatores para que o desejo sexual se manifeste. Deste modo, há dinâmicas de orientações sexuais que não se definem tão somente pelos corpos. Neste contexto, existem os Assexuais, demissexuais e sapiossexuais. Todas as outras pessoas fora desse espectro, são chamadas de Alossexuais ou Não Assexuais. 

Não Assexuais, Sexuais ou Aloxessuais

A grande parte da humanidade está localizada em um dos extremos desta escala de pulsões sexuais, os Não Assexuais. Esses, podemos afirmar que são pessoas sexualmente mais ativas, que tem como gatilho para a prática sexual basicamente o “objeto” do desejo. Elementos bem simples despertam suas pulsões sexuais, seja pelo toque, pela vontade orgânica, pelo olhar, pelo gênero, pela voz, por uma foto, pelo biotipo, etc. 

Assexuais, Assexualidade Cinza ou Gray-A

Já em outro extremo, temos os Assexuais que, por sua vez, podem não ter interesse em se relacionar sexualmente, não importando gênero, afeto, intelectualidade ou biotipo. Nesta esfera, podem ocorrer relacionamentos românticos com pessoas assexuais, ou seja, sem a prática sexual, mesmo que o Senso Comum não enquadre esta conexão como um relacionamento conjugal. Por exemplo, os Não assexuais, podem ter relações românticas (Com sexo e afeto) ou arromanticas (com Sexo e sem afeto) logo, os Assexuais podem ter relacionamentos românticos (Sem sexo, mas com afeto). Existem outras esferas de relacionamentos conjugais que não se entrelaçam unicamente com o sexo, mas também por conexão, afinidade, cumplicidade e afeto. Esse grupo, por mais que não tenha interesse sexual, pode sentir o desejo de se masturbar somente para alívio da libido enquanto a sós ou, podem encontrar em seus parceiros circunstâncias para qualquer prática sexual que lhe forem mais confortáveis. As peculiaridades e exceções da Assexualidade ficam no que chamam de faixa cinza do desejo sexual, onde ocorre o gatilho da líbido por situações e coisas específicas. Então, dentro desta faixa, estão as orientações de desejos chamadas de Assexualidade Cinza, Sexualidade Cinza ou Gray-A.

Demissexuais e Sapiossexuais

Circulando nesse meio de Campo dos desejos sexuais, mas no Espectro da Assexualidade, encontramos os Demissexuais e os Sapiossexuais. A Demissexualidade está ligada basicamente ao vínculo afetivo, a alguém que desperta seu desejo sexual somente com algum envolvimento emocional forte, e para que isso aconteça, há muito diálogo até que aquela pessoa torne-se naturalmente fonte do seu desejo! 

Outra face deste meio de campo e não muito diferente da citada anteriormente, é pertinente a pessoas que despertam sua libido quando percebem a intelectualidade, a inteligência no outro. Tanto a Demi quanto a sapiossexualidade, não excluem os fatores físicos para um envolvimento sexual, entretanto, não é quesito dominante para que isso aconteça. 

Informação é importante!

Estar alheio a estas informações e não entender essa dinâmica de desejo do seu próprio corpo e mente, é correr o risco de querer se encaixar nos moldes do grosso da sociedade: A descartabilidade, a praticidade, o sexo casual, o “Nudes”, o “Na minha casa ou na sua?”, O “Com local” e “sem local”, o alívio imediato, a “fast-foda”…  

Passar por esses meios até entender que não é ali que você se encaixa e funciona é doloroso e por muitas vezes perigoso. Você adoece, dá prazer sem ter prazer algum, questiona se isso tem raízes na cultura conservadora religiosa que lhe é imposta desde criança, com conceitos de moralidade, pudor e pecado. Segue por tabela os moldes de amor romântico empurrados goela abaixo como o ideal jeito de se relacionar, e, com tudo isso acumulado, o julgamento vem até no pouco ou na ausência total do seu interesse sexual, torna-se fardo constante. Os títulos de anormal e doente lhe perseguem. Suas inseguranças e pensamentos de não pertencer a nenhum mundo comum se potencializam ainda mais.

Ah, Humanos! 

Questionamentos à parte e empirismo no talo, se identificar nesse emaranhado da diversidade sexual humana requer paciência, persistência e coragem para crer no que você realmente quer, sente e é, no meio dos julgamentos, às vezes bem pesados, da grande massa! Buscar por informação se julga uma ferramenta importante para não se isolar do mundo e se sentir um completo E.T. entre humanos!

Entender que cada um de nós temos nossas peculiaridades torna-se necessário para permanecer aqui da melhor forma possível. Isso se trata de saúde mental e, ser autêntico e existir sempre será um desafio!

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PS.: Este Blog foi um misto de informações colhidas aqui e outras ali no decorrer da vida, afim de entender a dinâmica da minha sexualidade. Mais informações sobre os assuntos abordados neste blog nos links abaixo:

🔗  Demissexualidade: a orientação sexual que ainda intriga muita gente

🔗 Assexualidade: o que é, como identificar e como se respeitar

🔗 Sexualidade, cristianismo e poder